Fonte: Rádio Boa Nova - Por: Maria Izilda Netto
Incontável o número de pessoas, em dado momento de suas existências, por motivos variados, resolveu que não era interessante continuar a viver.
Fosse a existência contida nos limites do berço ao túmulo, sem dúvida, o suicídio seria a grande solução para os problemas e dores da Terra.
Ocorre que somos seres imortais. Já vivíamos antes do berço e continuaremos a viver depois do túmulo, onde colheremos as consequências do que fizemos de nossa vida, de nosso corpo.
Falta a todos aqueles que se precipitam no suicídio um conhecimento mínimo a respeito do assunto!
É justamente a falta desse conhecimento que nos faz acreditar que suicida é somente aquele que, levado por um ato de completo desatino, atenta contra a própria vida e consegue seu intento.
Entretanto, existe um outro tipo de suicídio lento e silencioso, que chamamos de Suicídio Indireto ou Inconsciente que é aquele em que a pessoa não tem consciência de que determinado comportamento pode complicar e abreviar a sua existência.
Esse tipo de suicídio é aquele em que vamos aniquilando o nosso corpo físico pela maneira como vivemos, ou seja, pelos excessos de todos os tipos que cometemos em nosso dia a dia, como a alimentação, as drogas em geral, a imprudência, os sentimentos negativos como irritação, mágoas, revolta, entre outros.
Se tomarmos como exemplo a imprudência, seja no trânsito ou qualquer situação em que, consciente o inconscientemente, nos coloquemos em risco de morte, será caracterizada como um suicídio indireto ou inconsciente. Sempre que desrespeitamos as regras da Vida, na jornada humana, ficamos por conta do que possa acontecer, incluindo a morte extemporânea, de tristes consequências.
Kardec, nas questões de 943 a 957 de “O Livro dos Espíritos” em consulta aos Espíritos sobre o suicídio, nos dá uma primeira visão sobre a importância deste assunto.
Em “Nosso Lar” André Luiz nos relata sua própria história como tendo sido um “suicida inconsciente”, revelação essa que na época o deixou perplexo, até porque, segundo sua ótica, ele nunca havia atentado contra sua vida.
No Plano Espiritual, a situação daqueles que desencarnaram por terem maltratado o corpo físico enfrentam dificuldades de adaptação. Partem antes do tempo, guardam ainda forte impregnação envolvendo os vícios e as situações da Terra.
Os viciados continuam a sentir a necessidade de satisfazer o vício porque não há condicionamento apenas do corpo físico, mas também do períspirito. Assim, atormentam-se com a premência de consumir drogas, cigarros, bebidas alcóolicas… Há aqueles que apelam para a obsessão… Induzem viciados da Terra a buscar a substância de que carecem, a fim de que, ligando-se a eles psiquicamente, possam satisfazer-se. Daí ser difícil a recuperação. O obsidiado tem sempre parceiros invisíveis, interessados em sustentar-lhe o vício, em proveito próprio.
Importante destacar que diante das revelações da Doutrina Espírita sobre o sofrimento dos suicidas, o que se pode fazer por eles é não julgá-los; ter a certeza de que não estarão irremediavelmente abandonados, mas que serão observados e amparados por mensageiros do Bem e, efetivamente, que a oração em seu benefício é o refrigério de suas almas. Quando oramos por eles, nossas vibrações lhes proporcionam brando alívio.
Podemos perceber que os tormentos do suicídio, no Mundo Espiritual, não o redimem de seu desatino, mas haverá todo um processo de reajuste.
Assim como o suicida consciente, o suicida inconsciente terá sequelas em existência futura que funcionarão não apenas como resultado de seus excessos, mas, também, como veículos de contenção, destinados a sofrear e eliminar as tendências e vícios desenvolvidos.
Toda existência, por mais difícil que seja, é uma benção concedida por Deus a benefício de nossos reajustes, aprendizados e evolução a que somos destinados.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo Sede Perfeitos nos diz: “amai, então, a vossa alma, mas cuidai também do corpo, instrumento da alma. Não castigueis o corpo pelas faltas que o vosso livre arbítrio o fez cometer e do qual ele é tão responsável quanto o cavalo malconduzido o é, pelos acidentes que causa”.
Bibliografia
- Suicídio – Tudo o que você precisa saber – Richard Simonetti
- E.S.E. – cap. XVII – Sede Perfeitos