“A paz do mundo começa em nós. Enquanto vivermos uma guerra íntima, como podemos almejar paz no planeta?"

Claudia Gelernter é Espírita, Psicóloga com formação também em Tanatologia, além de ser pós graduanda em Pedagogia Espírita, pela ABPE.

Casada e mãe de dois filhos, Claudia atua no meio espírita faz 26 anos, sempre dentro da área de divulgação, realizando também outras atividades comuns nas Casas Espíritas que frequentou e ainda frequenta. É sócia fundadora da ABRATA - Associação Brasileira de Tanatologia e também do CEAK - Casa Espírita Allan Kardec de Vinhedo.

Realiza Palestras e Seminários pelo Instituto Chico Xavier, desde 2010.

Dentro do meio Espírita, Claudia defende a observância dos preceitos Kardequianos, sendo árdua defensora de seus ideais. Costuma desenvolver um olhar critico em suas palestras e textos, com viés sócio-histórico, além de levar em conta questões psicológicas, sociológicas e antropológicas. Para ela, nada mais complicado que um fazer distanciado da coerência filosófica adotada.

Dentro da área tanatológica, Claudia defende um diálogo aberto e racional sobre a morte e seus processos, como único meio de minimizar angústias e promover a possibilidade de fechamentos saudáveis.

Como é sua atuação dentro da Psicologia?
Sou Psicóloga Clínica e atendo dentro de um enfoque mais humanista, salientando sempre a questão da transcendência

Quais os benefícios que a psicologia oferece ao ser humano?
São muitos. Através desta ferramenta, podemos tomar consciência de nossos padrões mentais, tomar decisões coerentes com nosso sentido existencial e nos libertarmos das amarras que nos prendem em roteiros de repetição patológica. Só quando nos conhecemos verdadeiramente, tomamos nossas vidas nas mãos. Não foi por outro motivo que Santo Agostinho nos alertou, em O Livro dos Espíritos, que devemos aprender a nos conhecer para podermos trilhar os melhores caminhos.

Cresce a cada dia pessoas que tem depressão. Você pode nos explicar por que isso vem acontecendo?
Trata-se de fato sócio-histórico. Uma construção humana. Após iluminismo, com o florescer do Positivismo e a ascensão das ciências, saímos de um Deus teológico para o deus do empirismo. Depois, com a chegada triunfante do deus mercado e seus afins, perdemos a noção da nossa própria natureza. Tentamos equilibrar nosso prédio de cristal em três pilares falsos: consumismo, individualismo e materialismo. Nada mais distante de nosso eu verdadeiro, portanto. Daí, obviamente, adoecemos.

A depressão pode ter em sua gênese questões ligadas a nostalgia, mas também possui amarras ambientais e genéticas. Ou seja, é uma doença multifatorial, que deve ser olhada com muito critério e responsabilidade. Ademais, nem todo aquele que está triste ou com o sono comprometido, tem depressão. São duas coisas bem diferentes! Tristeza faz parte dos processos emocionais humanos. É normal ficarmos tristes, vez ou outra. Entretanto, para um diagnóstico de depressão, será preciso que a pessoa apresente cinco sinais ou sintomas característicos da doença, por pelo menos 15 dias consecutivos.

Como as pessoas poderiam evitar e se prevenir contra esta doença?
Vivências de infância podem levar a pessoa a desenvolver determinado padrão psíquico. Lares mais equilibrados acabam por produzir pessoas equilibradas, claro. Entretanto, outros fatores contribuem demasiadamente para o desencadear do processo depressivo. Perdas significativas, remorsos, podem deflagrar quadros complicados quando a pessoa não tem ferramentas internas para dar conta dos eventos. Em uma sociedade em que a morte é tabu, em que o diálogo é vetado, temos grandes desafios neste e em outros setores.

Você já ministrou várias palestras sobre Transição Planetária, escrevendo inclusive artigos sobre o assunto. Em sua opinião o que é preciso ser feito para conscientizar a humanidade sobre a situação crítica em que estamos vivendo?
Precisamos sair desta posição egoísta. Nos entendemos como seres maiorais, dominamos a natureza de forma agressiva, não levamos em conta a questão da interdependência, da necessidade do amor. Precisamos viver desta maneira, de forma empática, ajudando todos os reinos da natureza e, ao mesmo tempo, temos o dever de divulgar esta necessidade aos quatro cantos do mundo.

Vemos atualmente noticiários sobre guerras, meio ambiente em total desarmonia e descaso com o planeta vindo do próprio ser humano.  O  que  individualmente podemos fazer para minimizar este quadro?
A paz do mundo começa em nós. Todos os Mestres já disseram isso. Enquanto vivermos uma guerra íntima, como podemos almejar paz no planeta?

Você acredita que este quadro ainda pode ser revertido?
Sim! Mas precisamos dar passos incansáveis nesta direção. Estamos atrasados…

Em outubro você estará participando de um Seminário em Itu, promovido pelo Instituto Chico Xavier quando abordará o tema “E que a morte nos reúna – Quando um ente querido segue antes de nós.”. Nos conte um pouco sobre este tema que estará desenvolvendo.
A morte é tema instigante. Causa-nos angústias, mas também nos traz mensagem de esperança e amor de Deus. Devemos olhar para este tema com honestidade, com muita coerência. Pretendo falar sobre o inexorável, mas também sobre a nossa posição diante da morte.

A maioria de nós teme a morte e a perda de entes queridos. Qual a causa deste temor?
Falta de conhecimento. Quando a fé é robusta, baseada em um pilar divino, entendemos a morte como uma parte do processo e não como um fim, um castigo ou uma injustiça. Amamos e é claro que sentiremos saudades, derramaremos lágrimas. O problema está no luto patológico, do muxoxo eterno, na ira corta Deus. Isso em nada ajuda, ao contrario, nos escraviza diante do inevitável, retirando de nossos caminhos maravilhosas oportunidades de crescimento.

Por que é tão difícil para o ser humano entender e falar sobre a morte?
Nem sempre foi assim. A partir do século XIX é que este tema tornou-se tabu. Antes todos participávamos do processo de morte com tristeza, mas sem negações absurdas. Trata-se, assim como a questão de determinadas síndromes, de um fato social mais amplo, que desejo destacar na palestra, em Salto.

Num mundo tão conturbado em que vivemos atualmente, onde as pessoas se preocupam mais consigo mesmas do que com o próximo, quando finalmente descobrirão que existe “Vida além da Vida”?
Creio que mais importante que isso é o fato de descobrirmos que existe vida antes da morte. Quando todos formos éticos, morais, amorosos no tempo presente, vivendo conforme nossa natureza divina, por conseqüência teremos um futuro bom. Aliás, sempre repito que só morre bem quem bem viveu.

Pedimos que deixe sua última mensagem aos leitores de nosso site.
Que a morte, esta doce senhora, possa nos visitar no momento correto (como sempre é!) encontrando-nos prontos para a grande viagem. E que, enquanto isso não ocorre, possamos honrar e amar os que partiram antes de nós, envolvendo-os em paz, a paz que nasce do nosso entendimento, do nosso amor.

Vamos fechar ciclos na Terra, viver de forma tal que todas as arestas da alma possam ser aparadas. Assim, mais adiante, poderemos nos reunir, comemorando as vitórias espirituais.

Afinal, como bem explicou o Mestre Jesus, nada separa o que Deus uniu. E, se Deus é amor, entendemos que nada separa aqueles que se amam. Nem mesmo a morte.


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