Fonte: O tempoPor: Ana Elizabeth Diniz

Entrevista com Andrei Moreira - Médico homeopata e espírita

Reconciliação consigo, com os pais, com a família e com Deus é o que Andrei Moreira acredita ser a fonte de cura para a humanidade. Ele é médico homeopata, terapeuta, presidente da Associação Médico-Espírita de Minas Gerais e autor de sete livros, incluindo o recém-lançado “Reconciliação”.

Em seu último livro, “Reconciliação”, você afirma que a doença original do homem é a desconexão com Deus. Fale um pouco sobre isso. Cada ser humano é um espírito criado por Deus e caminha da simplicidade e ignorância para a perfeição, por meio de múltiplas vidas sucessivas. Nesse processo, o espírito, por imaturidade ou rebeldia, se afasta de sua natureza real – a espiritual –, se deixando iludir pela matéria passageira e suas seduções, e se desconecta da fé, a grande força de sustentação da vida. O indivíduo passa a fantasiar que a criatura e o criador são realidades que podem se afastar, o que, em um plano profundo, nunca ocorre. Mas o ego passageiro pode se rebelar e criar matrizes de egolatria ou se afundar nos fantasmas da menos-valia. Ambas as situações são sintomas de sua desconexão da fonte profunda do amor divino, onde encontra seu verdadeiro poder: o do afeto. Essa realidade de desconexão momentânea está representada de maneira simbólica na perda do paraíso, do livro de Gênesis, do Velho Testamento, bem como na parábola do filho pródigo, do Novo Testamento. A obra “Reconciliação” utiliza essas imagens como símbolos arquetípicos para estudar a desconexão e a reconexão da criatura com o criador, o amor e o seu verdadeiro poder.

Qual a relação entre homeopatia e espiritismo?
São ciências distintas e independentes, mas tanto a filosofia homeopática quanto o espiritismo compartilham a visão de que o ser humano é composto de inteligência (espírito), energia vital e organismo físico. A homeopatia analisa os processos de saúde e adormecimento a partir da perturbação da energia vital determinada pela vida física e moral do homem. O espiritismo estuda o espírito e sua íntima relação com a matéria, ensinando que o ser espiritual que cada um de nós é comanda o universo orgânico, a partir das ondas de pensamento e sentimento que decorrem de seu livre-arbítrio, e que determinam saúde ou adormecimento de acordo com sua sintonia ou distonia com a lei de Deus.

Como atua a homeopatia?
A medicação homeopática escolhida pela lei de semelhança com a totalidade sintomática e o temperamento do indivíduo, se administrada convenientemente, promove o reequilíbrio do vitalismo e da saúde orgânica, ao passo que a educação moral proposta pelo espiritismo, que se baseia no evangelho e no despertar das potencialidades da alma, possibilita a cura real que é sempre patrimônio do espírito.

A medicação proposta por você, em seu livro, é a reconciliação com a fonte. O que isso quer dizer?
Reconciliar-se com a fonte significa reconectar-se ao real, desiludindo-se de tudo aquilo que promove distração e desconexão com a alma e a realidade espiritual. Isso significa uma reconexão com o amor em seus mais amplos aspectos, desde o auto até o holoamor, resultado da sintonia do ser com o Pai. É essencial que o ser humano se reconheça divino em sua essência, vivendo uma experiência material passageira, na qual encontra os elementos pedagógicos de que necessita para seu engrandecimento intelectual e moral, para que bem aproveite a grandiosa oportunidade da encarnação, sempre bênção de Deus. Nesse sentido, cada um está no lugar certo e com as pessoas adequadas ao seu crescimento, em uma oportunidade de reconstruir o amor nas relações, ainda que vivenciando os efeitos difíceis de um passado de distanciamento do amor maior, para o estabelecimento da paz. A reconexão com a fonte maior que é Deus começa na reconciliação com a fonte que O representa junto a cada ser na encarnação: nossos pais biológicos. Eles nos deram a vida e, portanto, tudo, são os dignos representantes de Deus. Conectar-se a sua grandeza de pais, como filhos, nos aporta uma grande força que nos sustenta afetiva e espiritualmente nos caminhos do sucesso e do êxito.

Como médico e espírita, qual a sua opinião para tantos adoecimentos: síndrome do pânico, Alzheimer, depressão, esquizofrenia?
O ser humano está enfermo no pensamento, nas emoções e nos sentimentos. Traz em sua bagagem espiritual os dramas do passado de equívocos perante a lei de Deus, que se confirmam e agravam, muitas vezes, na atual encarnação. A humanidade, como um todo, vive uma grande crise de valores morais na qual o individualismo, o materialismo e o egocentrismo promovem destruição e solidão. Muitas doenças nascem desses padrões de pensamento e sentimento adoecidos, distantes do amor, que determinam desequilíbrio celular e desarmonia orgânica. As doenças genéticas ou hereditárias estão relacionadas ao passado espiritual do indivíduo e a sua programação e necessidade encarnatória de aprendizado específico ou de resgate perante a lei. Em todas as situações, os valores expressos pelo evangelho de Jesus, tais como o amor, a bondade, a caridade e o perdão, dentre tantos outros, atuam poderosamente como medicações da alma, semeando o bem e promovendo o reequilíbrio da mente e do coração e, por consequência, das células orgânicas em definitivo. As medicações químicas e intervenções cirúrgicas aliviam e beneficiam, como bênçãos da misericórdia de Deus, mas só a reforma íntima estabelece a cura do corpo e da alma.

O que falta ao ser humano?
Solidariedade e fraternidade. Todos esses sentimentos são consequência natural da conexão à fonte do amor maior, que é Deus. Falta-nos a fé que alimenta a esperança. Falta-nos a entrega à guiança divina com aceitação da vontade do Pai em nossas vidas. Falta-nos ver o próximo como irmão, como igual, independente de raça, credo, cor, nacionalidade ou opinião. Falta-nos, em síntese, a conexão com a essência humana, que é divina, que produz leveza e paz.


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