Por: Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

Não canso de dizer que a produção literária de Chico Xavier, que nega ser de sua autoria e diz ser de autoria dos bons espíritos, será estudada nas escolas e universidades e apreciadas pelas demais religiões no futuro, porque ela está de acordo com os ensinamentos de Jesus.

Vivendo numa pequena cidade do interior mineiro, Chico teve existência sofrida, com a morte da mãe e depois da madrasta, tendo de auxiliar nos cuidados dos irmãos menores (eram ao todo quinze filhos dos dois casamentos do pai), mas desde a infância ele foi abençoado pela assistência e comunhão direta com os espíritos, que o instruíram no caminho da fraternidade.

Muito jovem, ainda, conheceu o espiritismo, aos 17 anos. Quatro anos depois, surgiu-lhe a presença austera e segura de seu mentor Emmanuel, que o acompanhou no desenvolvimento de sua faculdade mediúnica de psicografia, vidência e audição, passando orientações sábias para o discípulo: “Disciplina, disciplina e disciplina”. E mais disse: “Se algum dia eu disser alguma coisa que contrarie a Jesus e a Kardec, fique com eles”.

O médium viveu de forma modesta em uma casa humilde; trabalhava numa fazenda como datilógrafo e não acumulou nenhum patrimônio, a não ser a conquista de preciosas amizades por todo o Brasil.

Voltava do trabalho à tarde e ia ao centro onde atendia pessoas, fazia receituário homeopático e psicografava mensagens e livros, e também milhares de cartas consoladoras aos familiares, inclusive algumas que foram usadas em julgamento no fórum e também transformadas em filmes (As mães de Chico Xavier e Joelma 23º. andar).

Chico tinha profunda admiração e respeito pelos animais, criou gatos e cachorros, que foram seus companheiros por muitos anos. De certa feita cuidava de um cão enfermo que lhe obrigava a cuidados todos os dias, especialmente quando voltava de madrugada das atividades espíritas. Numa noite, encontrou o cão abatido e cansado, acariciou-o e recebeu também lambidas de reconhecimento, vindo o animal, em seguida, a falecer.

O médium, entristecido com o fato, embrulhou o animal numa manta e sepultou-o no fundo do quintal.

Alguns dias se passaram e sua irmã veio contar que a morte do animal de estimação não foi natural. Sua vizinha, preocupada com o sofrimento do Chico, que depois de muitas atividades à noite ainda tinha que cuidar do bicho que não se recuperava, havia então dado a ele um veneno, provocando sua morte.

A notícia abateu o médium, que passou a sentir tristeza. Interpelado pelo seu guia espiritual sobre o que estava acontecendo com ele (tanto que isso havia influenciado na sua atividade mediúnica), explicou: “Eu não sinto mágoa da vizinha, mas uma tristeza por ela ter agido dessa forma com o animal que eu cuidava e de que gostava”.

Sabemos hoje pela ciência psicológica e psiquiátrica que as tristezas acumuladas, as mágoas e ressentimentos nos afetam emocionalmente e podem ser somatizadas espiritualmente e em nossa constituição física, gerando distúrbios em nosso corpo.

Emmanuel ofereceu a receita para o médium. Deveria presentear a vizinha com algo de que ela necessitasse. Chico retrucou que, tendo sido ele o ofendido, ainda teria que “retribuir-lhe” com um presente?

O espírito mentor disse que a orientação era do nosso mestre Jesus, no Evangelho, capítulo cinco de Mateus: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus”.

Consultando sua irmã sobre de que precisava a vizinha, descobriu que era uma máquina de costura. Naquele tempo e com o salário apertado, Chico teve que parcelar em muitas vezes o “presente”; foi, junto com o vendedor, entregar o aparelho para a vizinha, que o recebeu com festa e muita alegria.

No abraço de gratidão da senhora, o médium viu que uma nuvem de luz o envolveu... e para sempre desapareceu aquela tristeza.


A vida de Chico Xavier

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