Fonte: Correio espírita - Por: Lúcia Moysés

A cena se repete todas as manhãs: a mãe tentando fazer com que o filho acorde e ele resistindo, querendo ficar só mais um pouquinho. Como dorme pouco, o corpo reage a ter que sair da cama.

Com a popularização da internet e, em especial das redes sociais, jovens de todas as idades estão deixando de dormir para ficarem conectados com seus pares até altas horas da noite, esquecidos de que na manhã seguinte têm colégio. O fenômeno vem se alastrando de forma intensa, trazendo preocupação para as famílias, educadores e profissionais da saúde. Sabe-se, por exemplo, que está havendo aumento nos problemas de ordem física em função de um estilo de vida mais sedentário. Professores relatam que os alunos chegam pela manhã sonolentos, apáticos e com dificuldades de concentração. São os efeitos da privação do sono.

Seria bom que os pais entendessem um pouco mais a respeito desse assunto. Talvez, quem sabe, passassem a ter uma posição mais firme em relação às regras de uso da internet pelos filhos.

Diz-nos a Dra. Suzano Herculano-Houzel, neurocientista e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que eventualmente pode-se dormir pouco, sem que isto acarrete problemas, mas que “a insônia voluntária é um pacto com o diabo.” Isso porque a falta de sono causa problemas físicos e mentais. Enquanto dormimos nosso cérebro executa várias funções que são fundamentais para a manutenção da nossa saúde. E talvez uma das mais importantes seja a de desligar a produção do hormônio do estresse, o cortisol. Portanto, não é de se estranhar a presença de alunos estressados depois de noites e mais noites passadas diante do computador ou da TV.

Como nosso organismo mantém processos de autorregulação, tudo pode voltar ao normal desde que as horas perdidas de sono sejam compensadas. Mas a verdade é que nem sempre temos tempo para essa compensação. Quando se trata de perda de sono por problemas relevantes, a questão é aceitável. Mas o que sabemos em relação aos jovens que vivem conectados aos seus computadores, tablets ou celulares é que raramente se trata de algo importante. Em geral, eles gastam o tempo jogando, bisbilhotando a vida alheia, enviando ou recebendo piadinhas, quando não estão fazendo gozações em torno do futebol, ou simplesmente conversando e rindo com seus colegas. Nisso vão até de madrugada. Assim, não há mesmo como acordar de bom humor daí a algumas horas.

Mas esses não são, certamente, os efeitos mais preocupantes desse novo hábito. Hoje, é impossível se ignorar que muitos estão se tornando viciados em redes sociais. Pesquisa levada a efeito na Universidade de Chicago revelou a força dessa nova dependência. Depois de acompanhar durante uma semana a rotina de checagem de atualizações no Facebook e no Twitter de 205 pessoas com mais de 18 anos de idade, concluiu-se que resistir às tentações das redes sociais é mais difícil do que dizer não ao álcool e ao cigarro. Fato preocupante!

No Brasil, a psicóloga Dora Góes, coordenadora de um programa voltado para o auxílio a dependentes do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, relata que 25% dos pacientes que lá buscam ajuda o fazem atrás de tratamento para o vício em redes sociais. Dada à estimativa de crescimento desse número, o Instituto está se preparando para oferecer, em breve, um módulo específico para tratar exclusivamente desse tipo de dependência.

Como toda novidade, os estudos a respeito desse tema são ainda incipientes. O bom-senso, no entanto, nos aconselha a tomarmos cuidado com a forma com que estamos utilizando as modernas tecnologias de relacionamento social.

Nunca é demais nos lembrarmos – e fazer lembrar os nossos filhos – de que renascemos exclusivamente com o objetivo de evoluirmos espiritualmente. De pouco valerá nossos avanços no âmbito do conhecimento se nos mantivermos estacionados moralmente.

Deus certamente nos permitiu que chegássemos ao atual estágio de desenvolvimento tecnológico e científico para o nosso aprimoramento como espíritos. As ferramentas de que hoje dispomos –desnecessário dizer – ajudam-nos de forma extraordinária.

O problema que aqui colocamos diz apenas respeito à maneira como as utilizamos. Se não soubermos fazê-lo de forma sensata e equilibrada, aquilo que poderia ser uma alavanca para o nosso progresso poderá nos obrigar a retardar os nossos passos.

Reflitamos, pois, um pouco mais sobre isso. Como tudo isso é muito novo, ainda dá tempo de fazermos as opções corretas.


A vida de Chico Xavier

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