Fonte: Correio espírita - Por: Gerson Simões Monteiro

Se os animais sentem prazer e dor, alegria e tristeza, é sinal de que eles são dotados de um princípio inteligente a que chamamos de alma, bem inferior, é claro, que a do homem na escala da evolução anímica.

No tópico relativo à alma dos animais do livro Emmanuel, psicografado por Chico Xavier, o benfeitor espiritual diz:

“Os animais têm a sua linguagem, os seus afetos, a sua inteligência rudimentar, com qualidades inumeráveis. São eles os irmãos mais próximos do homem, merecendo, por isso, a sua proteção e amparo. O homem está para o animal simplesmente como um superior hierárquico. Nos irracionais desenvolvem-se igualmente as faculdades intelectuais. O sentimento de curiosidade é, na maioria deles, altamente avançado e muitas espécies nos demonstram as suas elevadas qualidades, exemplificando o amor conjugal, o sentimento da paternidade, o amparo ao próximo, as faculdades de imitação, o gosto da beleza”

PERISPÍRITO DOS ANIMAIS
Gabriel Delanne no livro de sua autoria Evolução Anímica relata um fato referente à existência do perispírito animal, extraído da obra L’Humanité posthume, do Sr. Dassier, que é o seguinte:

“Em fins de 1869, achando-me em Bordéus – diz Dassier – encontrei, à noite, um amigo que se dirigia a uma sessão de magnetismo, e que me convidou a acompanhá-lo. Anuí, desejoso de ver de perto o magnetismo, que até então só conhecia de nome. A sessão nada apresentou de notável: era a repetição do que ocorre comumente nas reuniões desse gênero. Uma jovem criatura, parecendo muito lúcida, oficiava de sonâmbula e respondia às perguntas que lhe dirigiam. Um fato inesperado surpreendeu-me, contudo. Ia a meio a sessão, quando um assistente, percebendo uma aranha no assoalho, esmagou-a com o pé. ‘Alto lá! – gritou logo a sonâmbula – Estou vendo evolar-se o Espírito da aranha!’. Sabemos que, na linguagem dos médiuns, o vocábulo Espírito corresponde ao que eu chamaria fantasma póstumo.

– Qual a forma desse Espírito? – perguntou o magnetizador.

– A mesma da aranha – respondeu a sonâmbula.”

O Sr. Dassier não soube, a princípio, como interpretar a resposta.

Ele não admitia qualquer espécie de alma no homem e muito menos num animal. Não tardou, entretanto, mudasse de pensar, por isso que cita inúmeras manifestações póstumas de animais, e sempre sob as mesmas formas que tiveram na Terra.

E ele acredita possível até o desdobramento de certos animais, durante a vida terrestre. Seja, porém, qual for a sua forma de ver, o indubitável já agora é que a chamada luz ódica de Reichenbach, comentada no livro Lettres odiques magnétiques, o fantasma póstumo do Sr. Dassier, outra coisa não é que o perispírito, ou seja, o invólucro da alma; e que, tanto nos animais como no homem, o princípio pensante é sempre individualizado no fluido universal.

Outro fato de constatação do perispírito do animal foi narrado pelo pesquisador Ernesto Bozzano, na Revista Ligth de 1907, pag. 113, que é o seguinte: "Na obra publicada por Lord Dunraven, que não foi comercializada, mas somente enviada a um pequeno número de amigos, encontramos o relatório de uma sessão na qual D. D. Home, então em estado de transe, disse perceber o espírito de um cãozinho bastante conhecido por um de seus assistentes. Ora, naquele momento, o animal morria, e o médium tinha visto o espírito no instante em que ele abandonava seu corpo”

ALMA DOS ANIMAIS
No século XVII, o filósofofrancêsRené Descartes argumenta que animais não têm alma, logo não pensam e não sentem dor, sendo assim os maus-tratos não eram errados, porém, pelo que depreendemos das questões 597 a 600 de O Livro dos Espíritos, os animais possuem uma inteligência que lhes permite certa liberdade de ação, havendo neles um princípio independente da matéria que sobrevive ao corpo. Esse princípio é também uma alma, dependendo do sentido que se der a esta palavra, mas, inferior à do homem. Entre a alma dos animais e a do homem há uma distância equivalente à que separa entre a alma do homem e Deus. (grifei)

Após a morte, a alma dos animais conserva a sua individualidade, mas não a consciência do seu eu. A vida inteligente lhe permanece em estado latente. Sobrevivendo ao corpo em que habitou, a alma do animal vem se achar depois da morte num estado de erraticidade, pois que não mais se acha unida ao corpo, mas não é um Espírito errante. O Espírito errante é um ser que pensa e age por sua livre vontade. De idêntica faculdade não dispõem os animais. A consciência de si mesmo é o que constitui o principal atributo do Espírito. O do animal, depois da morte, é classificado pelos Espíritos a quem cabe essa tarefa e utilizado quase imediatamente.

NÃO TEMOS O DIREITO DE MALTRATÁ-LOS
Ora, diante de todos esses esclarecimentos queremos enfatizar que a nossa responsabilidade como seres humanos perante os nossos irmãos menores é muito grande, pois somos dotados de uma inteligência especial, que nos dá a consciência do futuro, a percepção das coisas extramaterias e o conhecimento de Deus, donde surge, por consequência, o senso moral.

Mas isso não dá ao homem o direito de maltratá-los. Segundo o renomado escritor Leon Tolstoi, “maltratar os animais é demonstrar covardia e ignorância”. Ghandi, o grande líder indiano, afirmou também: “A grandeza de uma nação e seu progresso moral, podem ser julgados pela forma como os animais são tratados”.

Quando os animais são abatidos com crueldade, pelo prazer de destruí-los, como nas touradas, segundo a resposta da questão 735, de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ocorre o predomínio da bestialidade sobre a natureza espiritual. E foi o que aconteceu na produção do filme Fale com Ela, com relação às cenas de uma tourada, para os quais foram utilizados seis touros. Os pobres animais, além de serem maltratados durante a filmagem, foram posteriormente sacrificados, para obtenção de cenas chocantes e reais.

De acordo com a Lei 9605, de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências, prevê no Art. 32:

Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

ATITUDES QUE PODEM SER CONSIDERADAS MAUS TRATOS AOS ANIMAIS

Além da violência contra os animais, existem outras ações que podem ser classificadas como maus tratos. São elas:

• Abandono;

• Agressões físicas, como: espancamento, mutilação, envenenamento;

• Manter o animal preso a correntes ou cordas;

• Manter o animal em locais não arejados – sem ventilação ou entrada de luz;

• Manter o animal trancado em locais pequenos e sem o menor cuidado com a higiene;

• Manter o animal desprotegido contra o sol, chuva ou frio;

• Não alimentar o animal de forma adequada e diariamente;

• Não levar o animal doente ou ferido a um veterinário;

• Submeter o animal a tarefas exaustivas ou além de suas forças;

• Utilizar animais em espetáculos que possam submetê-los a pânico ou estresse; e

• Capturar animais silvestres.


COMO TER CERTEZA DE QUE SE TRATA DE MAUS TRATOS?
Antes de qualquer coisa, conheça as leis que amparam os animais em casos de crueldade e abandono. Depois, certifique-se de que o problema se trata de um caso de maus-tratos.

Lei Federal Nº 9.605 , de 12 de fevereiro de 1998, a “Lei dos Crimes Ambientais”.

Decreto Lei Nº 24.645 , de 10 de julho de 1934, define maus-tratos aos animais.

Busque evidências e testemunhos que comprovem suas suspeitas. Se possível, tente conversar com o acusado de agressão, deixando claro que os animais são protegidos por leis.

Fotografe ou filme os animais que sofrem maus-tratos. Provas e documentos são fundamentais para combater e comprovar.

Consiga o maior número de informações possível para identificar o agressor. É importante saber o nome completo, a profissão, o endereço residencial ou do trabalho.

Em caso de abandono ou atropelamento, anote a placa do carro para levantar a identificação no Detran.

Não tenha medo de denunciar. Você será considerado somente uma testemunha do caso.

Na questão 602 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, perguntando se os animais progridem, como o Homem, por ato da própria vontade, ou pela força das coisas, recebeu a seguinte resposta dos Benfeitores Espirituais: “Pela força das coisas, razão por que não estão sujeitos à expiação”.

Ora, se eles não estão sujeitos à expiação, isto é, não respondem pelo mal praticado em outras existências por não terem o livre-arbítrio dos seus atos, foi perguntado em razão disso, a Chico Xavier, de que forma então devemos encarar a questão da existência de deformidades congênitas no seio dos animais e por que nascem animais cegos ou deformados. Da resposta que está no livro Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira, destacamos os seguintes esclarecimentos a respeito:

“Os animais diversos, a nos rodear a existência de seres humanos em evolução no planeta Terra, são nossos irmãos menores, desenvolvendo em si mesmos o próprio princípio inteligente. Se nós, seres humanos, já alcançamos os domínios da inteligência, desenvolvemos agora as potências intuitivas, eles, os animais, estão aperfeiçoando, paulatinamente, seus instintos, na busca da inteligência. Da mesma maneira que nós, humanos, aspiramos alcançar algum dia, a angelitude na Vida Maior, personificada em nosso Mestre e Senhor Jesus, eles, os animais, aspiram ser no futuro distante homens e mulheres inteligentes e livres.

... Não temos treinado determinadas raças de cães exaustivamente para o morticínio e o ataque? A angústia, o medo e o ódio que provocamos nos animais altera-lhes o equilíbrio natural de seus princípios espirituais, determinando ajustamentos em posteriores existências, a se configurarem por deformidades congênitas. A responsabilidade maior recairá sempre nos desvios de nós mesmos, os seres humanos, que não soubemos guiar os animais à senda do amor e do progresso, segundo a vontade de Deus.

Agora, vejamos: se determinado cão é treinado para o ataque e a morte, com requintes de crueldade, se ele é programado para o mal, pode ocorrer que, em determinado momento de superexcitação, este mesmo cão, treinado para atacar os estranhos, ataque às crianças de sua própria casa ou os próprios donos. Aí, teremos um desajuste induzido pela irresponsabilidade humana. Ora, este mesmo cão aspira crescer espiritualmente para a inteligência e o livre-arbítrio. Mas, para isso, ele precisará experimentar o sofrimento que lhe reajuste o campo emotivo, aprendendo a pouco e pouco a Lei de Ação e Reação. Assim, ele provavelmente renascerá com sérias inibições congênitas. A responsabilidade de tudo isto, no entanto, dever-se-á à maldade humana”.

LIVRE-ARBÍTRIO E EXPIAÇÃO
Para demonstrar que os animais não estão sujeitos à expiação, vamos buscar duas questões de O Livro dos Espíritos. A primeira é a de nº 595, quando Allan Kardec ao indagar aos Benfeitores Espirituais se os animais gozam de livre-arbítrio para a prática dos seus atos, recebeu a seguinte resposta:

“Os animais não são simples máquinas, como pensam. Contudo, a liberdade de ação, de que desfrutam, é limitada pelas suas necessidades e não se pode comparar à do Homem. Sendo muitíssimo inferiores a este, não têm os mesmos deveres que ele. A liberdade, eles possuem restrita aos atos da vida material.”

Mais adiante o Codificador do Espiritismo, na questão 602, pergunta aos referidos Benfeitores se os animais progridem como o Homem, por ato da própria vontade, ou pela força das coisas? A resposta foi:

“Pela força das coisas, por que não estão sujeitos à expiação.”

Ora, diante das respostas a essas duas questões, compreendemos que, se o Homem goza do livre-arbítrio para os atos da vida material e moral, é claro que expia os seus erros, por tornar-se responsável pelos atos praticados. Já os animais, por faltar-lhes o senso moral, não estão portanto sujeitos à expiação dos seus atos.

Então, concluindo, podemos afirmar que os animais têm alma, mas não gozam de livre-arbítrio para os atos da vida moral, o que vão alcançar com o tempo ao entrarem no reino hominal, obedecendo à lei divina da evolução.


A vida de Chico Xavier

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