Por: Marcelo Henrique e Wellington Balbo

Adquirir e consolidar o conhecimento é uma tarefa difícil. Pessoalmente difícil.

Para a aquisição do conhecimento, você talvez precisará quebrar inúmeras "crenças", derrubar alguns mitos, deixar algumas convicções adquiridas por anos, descartar teorias que aprendeu, seja pelos estudos, seja pelas experiências. E isso é algo muito incômodo para um grande número de pessoas, porque, afinal, quem quer admitir que formou sua base intelectual ou cognitiva, com base em teorias equivocadas?

Muitas vezes, ao admitir isso o indivíduo tem de jogar fora 40, 50 anos de estudos e vivências.

Prevendo este contexto e na tentativa paternal de evitar muitas frustrações, Erasto disse a Kardec que seria recomendável muita cautela na aceitação de conceitos novos, evitando admitir cegamente qualquer ideia.

Foi o que ele, Erasto, vaticinou: melhor rejeitar verdades do que admitir mentiras.

Entretanto, isto não significa que você deva sair por aí jogando tudo o que aprendeu, leu, estudou, fora. Se optar por admitir nada, ou não reconhecer nenhum dos conceitos disponíveis, você correrá o risco de ficar parado no tempo, porque o conhecimento serve para abrir caminhos e não para que nele permaneçamos indefinidamente.

Assim, temos um impasse: qual caminho seguir? Que teoria validar? Que teses descartar? A quem acompanhar na trajetória progressiva da vida?

Kardec nos deixou uma preciosa sugestão: caminhar ao lado da Ciência quando se trata de questões "prováveis" (isto é, que dependam de provas, ou, no caso, evidências, já que no contexto científico são estas as que predominam, até serem superadas por outras, em face do conhecimento e da experimentação, progressivos) e aplicar alguns métodos sugeridos por ele, quando se tratar de situações que fugirem ao "provável" pela Ciência tradicional.

Quais foram esses métodos?
Em termos de conhecimento espiritual, ou seja, aquele obtido por meio da Mediunidade, isto é, o intercâmbio salutar de conhecimento, por meio do diálogo entre os "vivos" e os "mortos", foi o CUEE - Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos. A grosso modo, o controle compreende a verificação de informações ou respostas fornecidas pelos Espíritos a diversos médiuns, em lugares diferentes e, no mesmo momento ou em momentos sequenciais, desde que aquela informação não estivesse "acessível", previamente - justamente para evitar que seja "plagiada" (copiada) ou baseada na anterior, para saber se existe a concordância entre tais respostas ou textos.

E, além do CUEE, que é uma ferramenta de análise comparativa, recomendou utilizar a lógica (filosófico-científica) e o bom senso para a análise de temas, digamos, mais espinhosos.

Vale dizer que a repetição de informações (abordagens) entre mensagens obtidas em lugares e/ou momentos distintos, por diferentes médiuns, não pressupõe, por si só, a aceitação tácita de seus conteúdos. Não é porque dada informação, na mensagem "A" é coincidente com as mensagens "B" e "C", como costumam pensar os apressados espíritas, que fornece condição de validade para os textos. Porque podemos estar diante de vários - ou, até, o mesmo - Espíritos, pseudossábios ou zombeteiros (brincalhões) - vide a Escala Espírita, contida em "O livro dos Espíritos" - os quais repassam informações idênticas ou similares, mas que não são verdadeiras, embora possam ter uma retórica convincente ou possuam sugestões voltadas ao bem.

Parecem-nos que estas "dicas" do Professor são boas, corretas e adequadas. Temos, na medida do possível, tentado aplicar as mesmas. Não só em relação aos "conteúdos psicografados", como, igualmente, em relação às manifestações de palestrantes, dirigentes ou médiuns (sem estarem mediunizados), sobre temas de natureza espírita-espiritual.

Como a liberdade de convicção e de expressão é uma premissa do Espiritismo, que as reconhece, o indivíduo pode se expressar como quiser e manifestar ideias segundo seu raciocínio. Mas, nem sempre, o que ele estiver apresentando - mesmo que possa entremear sua fala com frases ou trechos das obras de Kardec - terá aceitação ou correspondência com o que prescreve a Filosofia Espírita. Então, neste caso, deve-se aplicar o método do CUEE também para as manifestações anímicas, ou seja, para o exercício do livre pensar e falar (ou escrever) daqueles citados.

O mais interessante e útil é que, ao "incorporar" estas práticas, estes métodos, a análise racional e lógica torna-se rotineira e o resultado direto é a perda da intensidade com que se "acredita" numa determinada ideia e, de certo modo, o apreço pessoal para que esta ou aquela teoria seja a verdade, quando muitas vezes não o é. É apenas uma verdade pessoal.

Por isso, onde quer que esteja a "verdade" (real), o que queremos é com ela estarmos.

Assim sendo, é de se perguntar: e você, quais os métodos que costuma aplicar para formar sua base de "crenças" ou "certezas"?


A vida de Chico Xavier

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