Fonte: Letra Espírita - Por: Rafaela Paes

As psicoses, de um modo geral, são conceituadas como um estado mental em que o paciente acaba perdendo seu contato com a realidade, passando a apresentar comportamentos antissociais (REDAÇÃO, 201?, on-line).

As psicoses são inseridas dentro de três agrupamentos principais que levam em consideração as suas causas, sendo, portanto, categorizadas como a “psicose resultante de uma condição mental ou psicológica; a psicose resultante de uma norma sanitária médica geral e; a psicose resultante de abuso de drogas ou álcool” (REDAÇÃO, 201?, on-line).

Dentre as mais conhecidas psicoses, está a esquizofrenia ou o distúrbio da mente dividida, “marcada por surtos em que o mundo real acaba substituído por delírios e alucinações” (BIERNATH, 2019, on-line).

Embora seja estuda já há muito tempo, a esquizofrenia ainda está envolta em muitos mistérios, não sendo exatamente compreendido o que acontece no cérebro de um paciente acometido por esta enfermidade. Dentre as descobertas, “estudos apontam que ocorre um defeito na produção ou na ação de um neurotransmissor chamado dopamina” (ALENCAR apud BIERNATH, 2019, on-line).

Do ponto de vista espiritual, não há como se dizer que todos os casos advêm de um mesmo motivo, haja vista que cada um de nós é um ser único e individualizado, dono de sua história e bagagem, o que não segue uma regra, obviamente.

Entretanto, há que se mencionar que estudos demonstram que esses quadros podem ter origem em vidas passadas. Andrei Moreira, Presidente da Associação Mineira dos Médicos Espíritas, aduz que em sua vida pôde perceber que “o transtorno mental é um resquício do passado” (EVANS, 2013, on-line).

Corroborando a afirmação, a médicos da mesma Associação aduzem que “no caso da esquizofrenia grave, por exemplo, tem-se percebido que esses espíritos, em vidas passadas, cometeram alguma transgressão às leis divinas e, nesta vida, sentiram o peso da culpa” (EVANS, 2013, on-line).

Como já estudado em ocasiões oportunas, sabe-se que há todo um planejamento cuidadoso para que um Espírito errante venha a reencarnar-se. Portanto, nesse planejamento, há a disposição acerca das provas necessárias para a depuração daquele ser em especial, e por isso, diz em O Livro dos Espíritos:

“Questão 335 – O Espírito pode escolher o corpo no qual deve reencarnar, ou apenas o gênero de vida que lhe vai servir de provação”?

- Ele também pode escolher o corpo, pois, as imperfeições desse corpo são provas que o ajudam em seu adiantamento, se vencer os obstáculos que encontrar. Pode pedir, mas a escolha nem sempre depende dele” (KARDEC, 2018, p. 141).

O Espírito participa ativamente das questões que envolvem seu retorno à materialidade, e pode sim vir a escolher corpo e provas necessários para sua evolução, mas, muitas vezes, isso também pode ser imposto, pois, a Espiritualidade superior melhor sabe quais os meios mais eficazes para que os débitos sejam sanados.

E por conta de tais débitos, pode-se dizer que não há outro meio capaz de permitir que eles sejam deixados definitivamente no passado, do que a reencarnação. A pluralidade das existências é o instrumento mais depurador do Espírito, pois ela é a Misericórdia Divina em ação, a mais rica chance de não mais errar e crescer rumo à perfeição que se aspira enquanto ser imortal.

A esquizofrenia, tema central deste artigo, é uma dificuldade do corpo físico que precisa ser enfrentada para a depuração de erros cometidos no passado por aqueles que tenham transgredido as leis divinas, sejam quais forem. Claro, relembrando que essa não é uma fórmula, e que cada caso é um caso.

Interessante que Kardec, em nota à questão 373a., deixa claro que nesse mecanismo não há que se falar em inferioridade moral ou intelectual do Espírito em questão:

“A superioridade moral não está sempre na mesma proporção da superioridade intelectual, e os maiores gênios podem ter muita a expiar. Disso resulta, muitas vezes, uma existência inferior àquela que eles já realizaram, e uma causa de sofrimentos. Os entraves que o Espírito experimenta em suas manifestações são como correntes reprimindo os movimentos de um homem forte” (KARDEC, 2018, p. 148).

O grau evolutivo de um Espírito não pode ser medido pela condição que ele ocupa ou apresenta na materialidade, sendo que o mais inteligente dos Espíritos pode ter moral bastante debilitada, e vice-versa, o que já foi visto na Terra por nós encarnados.

Uma reencarnação de dificuldades do ponto de vista neurológico, pode vir a denotar uma existência pretérita em que se falhou miseravelmente em aspectos básicos do que se pede a vida.

Analogamente, a questão 375 explica a situação do Espírito nos casos de loucura:

“O Espírito, no estado de liberdade, recebe diretamente suas impressões e exerce diretamente sua ação sobre a matéria; porém, encarnado, encontra-se em condições completamente diferentes, e na contingência de fazê-lo somente com o auxílio de órgãos especiais. Se uma parte ou o conjunto desses órgãos for alterado, sua ação ou suas impressões no que diz respeito a esses órgãos, são interrompidas. Se perde os olhos, torna-se cego; se perde os ouvidos, torna-se surdo etc. Agora, imaginai se o órgão que rege os efeitos da inteligência e da vontade for parcial ou inteiramente atacado ou modificado, será fácil compreender que o Espírito, dispondo apenas de órgãos incompletos ou desnaturados, deve entrar num estado de perturbação do qual ele, por si mesmo e no seu foro íntimo, tem perfeita consciência, mas cujo curso não pode deter”? (KARDEC, 2018, p. 148-149).

As limitações impostas ao corpo físico pela disfunção que ocasiona a esquizofrenia, é o meio pelo qual o Espírito em questão expiará as faltas cometidas. Quais faltas? Não se sabe, mas há, claramente, pendências oriundas do pretérito a serem sanadas. Mas, para isso, há a Lei do Progresso, onde um Espírito jamais retroage, estagnando-se ou evoluindo, e essa é marcha normal a qual todos são submetidos.

“O estado natural é a infância da humanidade e o ponto de partida de seu desenvolvimento intelectual e moral. O homem, por ser perfectível e por trazer em si o germe de seu aprimoramento, não é destinado a viver perpetuamente no estado natural, assim como não é destinado a viver perpetuamente na infância. O estado natural é transitório, e o homem sai dele por meio do progresso e da civilização. A lei natural, ao contrário, rege toda a humanidade. E o homem melhora à medida que compreende e pratica essa lei” (KARDEC, 2018, p. 251).

Não há nada que nos atinja na materialidade, que não tenha sido cuidadosamente pensado e preparado para atender a objetivos muito maiores. Que se leve no coração a certeza de que há uma enormidade de respostas por trás de cada angústia da vida, e todas elas nos levam rumo à perfeição. Por isso, continue caminhando!

REFERÊNCIAS

BIERNATH, André. O que é esquizofrenia: sintomas, diagnóstico e tratamento. Disponível em: https://www.minhavida.com.br/saude/temas/psicose. Acesso em: 20 de abril de 2020.

EVANS, Luciane. Transtornos mentais podem ser reflexo de vidas passadas. Disponível em: https://www.uai.com.br/app/noticia/saude/2013/08/26/noticias-saude,193991/transtornos-mentais-podem-ser-reflexo-de-vidas-passadas.shtml. Acesso em: 20 de abril de 2020.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, Tradução de Matheus Rodrigues de Camargo – 23ª reimp. nov. 2018, Capivari/SP: Editora EME.

REDAÇÃO. Psicose – Sintomas, tratamentos e causas. Disponível em: https://www.minhavida.com.br/saude/temas/psicose. Acesso em: 20 de abril de 2020.

 


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