Pioneiro do jornalismo espírita Em São Paulo, Batuíra está relacionado ao crescimento dessa cidade, que completa hoje 457 anos.


Esse nome sonoro, que volta e meia chega aos nossos ouvidos no movimento espírita, na verdade é apenas um apelido. Mas um apelido de um dos maiores propagandistas do Espiritismo do Brasil.  Nascido em Portugal, em 19 de março de 1839, Antônio Gonçalves da Silva era filho de camponeses e aportou no Brasil aos 11 anos de idade e com apenas a instrução primária.

Como entregador do jornal Correio Paulistano, em Campinas- SP, Batuíra fazia amigos com facilidade e ganhava a admiração por onde passava, por seu espírito dócil e diligente. Muito ativo, ganhou o apelido de “O Batuíra”, nome dado a uma ave pernalta  ligeira que habitava os charcos, onde hoje é o Parque D. Pedro II, em São Paulo.

Dado às artes e às idéias abolicionistas, ele fundou em São Paulo e manteve por dez anos o Teatrinho da Cruz Preta, onde se reuniam estudantes e intelectuais da época, atraídos pela informalidade e pelas peças pitorescas.

Mas foi a perda de seu filho único, aos 12 anos de idade, que fez com que ele se aproximasse do Espiritismo e sentisse o desejo de fazer com que outras pessoas conhecessem aquela doutrina consoladora. Mesmo antes de se tornar espírita, Batuíra era dono de elevados dotes de moral cristã. “Inúmeras vezes escondera escravos fugidos dos maus tratos dos seus senhores, e, sempre que eles eram descobertos, envidava todos os esforços para compra-lhes a liberdade”* .

Em época em que não havia no Estado de São Paulo qualquer folha espírita, em torno de 1890, Batuíra fundou o jornal Verdade e Luz, que ele mesmo publicava através da tipografia adquirida com as economias. Quinzenalmente eram impressos cerca de 3 mil exemplares a serem vendidos inicialmente em duas charutarias no centro da cidade, com renda em benefício das sociedades filantrópicas. O Verdade e Luz chegou a alcançar 15 mil exemplares – uma tiragem muito superior a dos jornais diários da época. Distribuído por todo o Brasil, o periódico estampava colunas escritas por dezenas de espiritistas brasileiros, dentre eles Anália Franco e Casimiro Cunha.

Batuíra enfronhava-se nos livros de homeopatia com intuito de fazer de sua mediunidade de cura um instrumento de alívio para as dores dos necessitados. Muitos obsidiados, tidos como loucos incuráveis pela Medicina terrena, voltaram à vida conscientes e normais. Foi sua preocupação com a cura verdadeira das almas que fez com que fundasse também grupos e centros espíritas em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, nos quais procurava estar presente. Propagava o Espiritismo através de conferências pelas cidades brasileiras, visitando enfermos e distribuindo folhetos sobre a doutrina e livros.

Não bastassem seus exemplos de desprendimento e compromisso com a tarefa, Batuíra revelou sua humildade ao assinar como Ninguém uma série de artigos publicados no Verdade e Luz, onde fazia frente às críticas das quais o Espiritismo era vítima. Não se sentia na condição de assinar qualquer crítica com a superioridade que  julgava não possuir. Só depois de doar todos os seus bens à  Instituição Cristã Beneficente Verdade e Luz, fundada por ele em 1904, é que passou assinar Alguém.

Menos de um ano antes de desencarnar, Batuíra instituiu a União Espírita do Estado de São Paulo, órgão que passou a federar todos os grupos e centros existentes no Estado. Desencarnou em janeiro de 1909, aos 70 anos “agradecendo a Deus por ter abençoado seu humilde trabalho”.

*Grandes Espíritas do Brasil – Zeus Wantuil


A vida de Chico Xavier

Informativo do Clube do Livro

Digite seu nome

Digite seu email

Invalid Input

Captcha
Invalid Input