Por: Orson Peter Carrara

Falhar não deve ser motivo de estagnação, mas de recomeço

Natural de Curitiba (PR) e residente em Jundiaí (SP), Vânia Mugnato de Vasconcelos (foto) é espírita desde 1980. Assistente social, pós-graduada em RH, advogada e vinculada ao Centro Espírita João Batista, na cidade onde reside, coordena o Grupo de Pais, além de atuar como palestrante espírita. Suas respostas na presente entrevista oferecem uma visão abrangente sobre a doutrina e o movimento espírita.


Como e quando se tornou espírita?
Nascida católica, a questão religiosa sempre foi intensa em mim. Aos 12 anos de idade minha família visitou uma vizinha espírita e, embora todas as crianças estivessem interessadas em brincar, fiquei hipnotizada pela estante de livros, pois ler sempre foi um prazer. Lá encontrei a obra Lindos Casos de Chico Xavier, de Ramiro Gama, e, quanto mais eu lia, mais tinha certeza de que aquilo tudo fazia total sentido. Questionei a dona da casa sobre o que seria Espiritismo e desde então fui mergulhando cada vez na doutrina, a qual visto a camisa e amo profundamente. Sinto-me espírita, portanto, desde os 12 anos de idade.

O que mais lhe chama atenção no Espiritismo?
A profunda lógica. Ele dá sentido à vida na Terra com o conceito da reencarnação, trazendo alento à alma sedenta de justificativas para tantas diferenças e sofrimentos no planeta; além disso, a doutrina estimula a perceber mais claramente o impacto do amor e da caridade na vida das pessoas, convidando-nos, sem ameaçar com o "inferno", à mudança de conduta e à busca por uma vida moral mais elevada e que nos aproxime da paz espiritual e da felicidade mais plena.

Seu gosto de falar em público, de onde vem?
Descendente de italianos, falar sempre foi um prazer! Contudo nunca havia pensado em me tornar palestrante até surgir a possibilidade de realizar, há aproximadamente 14 anos, um curso de oratória espírita disponibilizado pela Aliança Espírita Evangélica do ABC, entidade espírita através da qual fui considerada apta para receber o "título" de Discípula de Jesus. Na oportunidade, sabendo que "ser discípulo" significava trabalhar pela causa de Jesus, nada melhor do que unir o útil ao agradável, levando a palavra cristã e espírita aos que têm sede de conhecimento e necessidade de esclarecimento.

O que nos diz sobre o público ouvinte nas instituições e o movimento espírita, diante do conteúdo oferecido pelo Espiritismo?
Percebo um aumento de público leigo nas casas espíritas em geral, com as palestras recebendo não só os espíritas, mas muitos simpatizantes da doutrina, até mesmo oriundos de outras religiões. Isso mostra quão universal é o Espiritismo. Todavia, ainda falta a alguns ouvintes mais frequentes certa iniciativa para o engajamento nos estudos doutrinários, motivação para leitura da codificação e a doação de si mesmos nos diversos trabalhos das casas, que, a seu turno, têm oferecido cada vez mais possibilidades de conhecimento e atividades aos que quiserem aprender e servir.

Qual o seu gosto nas abordagens espíritas e por quê?
Gosto de falar de conteúdo doutrinário aplicando-o ao cotidiano, contando histórias, mostrando vídeos, lembrando fatos. São palestras focadas para qualquer tipo de público. Entendo que o ser humano é melhor motivado a agir quando percebe que o que aprendeu pode e deve ser aplicado na vida de relação. Tenho tido oportunidade de ver que as pessoas se estimulam em ser espírita de modo integral quando percebem que é possível sê-lo no lar, no trabalho, nas ações de cidadania, na diversão. Precisamos, é meu entendimento, quebrar a ideia que impregnou de forma sutil as religiões, de que ser uma pessoa ativa na fé é algo que se mostra apenas dentro das casas religiosas.

Algo marcante de suas lembranças na atuação espírita?
Para mim é marcante cada momento em que, ao terminar uma apresentação, recebo sorrisos ou abraços do público. Sinto, desse modo, ter sido útil e que essa simpatia que me é externada é uma forma de dizerem que atingi o objetivo que me levou até eles.

Que ponto doutrinário espírita lhe parece mais extraordinário?
A reencarnação. Quanto se mudaria na conduta humana, na convicção de Deus, nos valores, se a humanidade inteira fosse reencarnacionista e aliasse esse conhecimento ao da lei de causa e efeito!

E do Evangelho?
Aprecio sobremaneira, em O Evangelho segundo o Espiritismo, a passagem sobre o "Homem de Bem". Questionar a consciência ao fim de cada dia nos torna mais preparados para reconhecer as limitações da alma, facilitando que no dia seguinte não tropecemos tanto no mesmo ponto.

E quanto aos autores desencarnados?
Além dos autores André Luiz e Emmanuel, psicografados por Chico Xavier e que são muito ricos em conteúdo, sinto bastante afinidade com as obras de Manoel Philomeno de Miranda psicografadas pelo médium Divaldo Franco, pois esse autor espiritual dá-nos importantes alertas sobre as questões das afinidades espirituais e os problemas obsessivos, os quais entendo serem uma das mais graves mazelas atuais da Humanidade terrena.

Algo mais que gostaria de acrescentar?
O Espiritismo não faz "milagres", auxilia que os alcancemos. Digo "milagres" no sentido daquilo que nos parece inviável, fabuloso, e que somente uma grande força conseguiria nos entregar. Através do Espiritismo percebemos que Deus está dentro de nós tanto quanto fora, entendemos que temos força para vencer, compreendemos nosso potencial espiritual e que, se tivermos boa vontade, encontraremos e sintonizaremos com o Deus em nós.

Suas palavras finais.
Que o ser humano não se deixe impressionar por suas imperfeições, pois, observando-se a si mesmo, perceberá que tem desenvolvido virtudes.

Falhar não deve ser motivo de estagnação, mas de recomeço. É o exercício habitual no bem que fará do homem um ser melhor, pois ninguém muda sem que o tempo venha em seu auxílio, "a natureza não dá saltos". O mundo aparenta dificuldades, mas cumprem-se as previsões espíritas de que antes da renovação planetária tudo deveria ser modificado – uma nova moral humana para um mundo regenerado. O mal que hoje vemos mais intenso é apenas o mesmo mal de sempre que agora se mostra: mas é sempre mais fácil lidar com o que se vê. Que os bons deixem de ser tímidos, como nos alerta O Livro dos Espíritos na questão 932.

FONTE: http://www.oconsolador.com.br/ano10/494/entrevista.html


A vida de Chico Xavier

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